26.1.05

Alexandre

Texto retirado do site www.midiasemmascara.org

O jornalista Jerônimo Teixeira assina o artigo "Gay, nem que seja à força", na Veja desta semana. Diz ele que "historiadores sugerem a homossexualidade de personagens históricos, muitas vezes sem indícios consistentes". Um quadro, à página 79, pretende resumir as informações científicas para se dizer "quais personagens históricos foram ou não gays". Sob a categoria dos "Sem Dúvida", com alegadas "evidência históricas que comprovam" sua homossexualidade, aparece Alexandre, o Grande. Do lado esquerdo, o texto:

"O filme Alexandre, de Oliver Stone, causou certa polêmica por mostrar as relações homossexuais do guerreiro macedônio. Em sua época, porém, esse era um comportamento tolerado e aceitável. Na Grécia daquele período, o relacionamento entre um homem mais velho e um jovem podia ter até um caráter pedagógico..."

O jornalista somente ecoa o que Oliver Stone teria dito à Playboy americana:

"'Alexandre viveu em uma época mais honesta', diz o controverso cineasta... para a próxima edição da revista Playboy. “Nós tratamos da sua bissexualidade. Isso pode ser ofensivo para algumas pessoas, mas a sexualidade à época era diferente. Moralidade pré-cristã. Garotos ficavam com garotos quando queriam'".

Tanto a Veja como o diretor aplicam ao caso particular de Alexandre o que era um comportamento realmente generalizado à época. Apresentam alguma base "científica" para fazê-lo? Nenhuma.

Em outra matéria, a revista, exigindo o que não oferece, reprova a enciclopédia eletrônica Wikipedia no quesito rigor, contrastando-a à Encyclopaedia Britannica, de inegável credibilidade. A mesma Britannica que publica a coleção dos Great Books, cujo volume 14 da edição de 1971 traz Plutarch's Lives (ou "Vidas Paralelas", de Plutarco), o clássico com a biografia de grandes líderes, entre as quais a do próprio Alexandre. Traduzo um trecho da biografia do líder macedônio:

"Quando Filoxeno, seu tenente na região costeira, escreveu-lhe para saber se ele compraria dois jovens rapazes de grande beleza, que Teodoro, um tarentino, tinha para vender, ele se sentiu tão ofendido que passou a questionar freqüentemente de seus amigos que infâmia Filomeno teria observado nele para se atrever a fazer uma oferta tão injuriosa. E imediatamente escreveu-lhe uma carta muito veemente dizendo que Teodoro e sua mercadoria fossem, juntamente com toda a sua freguesia, à ruína. Tampouco foi menos severo com Agnon, que mandou avisar que lhe compraria um jovem coríntio de nome Cróbilo, de presente".

Temos então duas versões da vida sexual de Alexandre para escolher. Qual seria a mais confiável: a dos profissionais da mídia e do entretenimento ou a do clássico de Plutarco?

História ou cultura pop? Que dúvida cruel!

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Oie!! Olha só...mas como há homossexual polêmico no mundo, não? Cazuza, Alexandre...bom, pelo menos o Cazuza assumiu msm...e quem se importa com á vida (homo)sexual do Cazuza? Esse assunto é do post passado...então, eu tbm li umas críticas negativas sobre o filme...disseram que eles evidenciam demais esse lado da vida dele...Alexandre, o grande gay....huahau, que maldade! Bom, eu ainda não vi o filme...eu só li um livro que fala sobre sua; "O príncipe invencível", mas que não fala em bissexualidade, homossexualidade, nada...só dos acontecimentos históricos....e isso que vale, não? Bom, se ele foi gay.....azar o dele, huahauahaua! Bjuz. Cacá.

7:27 PM  
Anonymous Anônimo said...

não dá para dizer se era homossexual bissexual do jeito q a gente vê hoje... tem q olhar pra época e lugar em que ele vivia.. e como era o conceito naquela época.. não adianta

4:34 PM  

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