22.8.05

Certas questões



Algumas vezes tenho a impressão de que ser obrigado a ter uma opinião sobre tudo. São tantas bandeiras, tantas teses, tantos grupos políticos gritando e doutrinando que não me parece ser socialmente aceito não ter uma posição definida sobre determinados temas.

Podem me chamar de alienado, mas eu não consigo, hoje em dia, tomar uma posição sobre a questão das drogas, por exemplo. Quando era mais novo, passei pelos extremos, infuenciado talvez pela gritaria dos engajados pró ou contra legalização. Já fui radicalmente favoravel à legalização e, do dia pra noite, passei para a banda contrária. Hoje eu observo essa disputa sem muitas palavras, já que a legalização acabaria sim com o problema do tráfico, mas seria uma chancela oficial que seria compreendida como incentivo ao uso de substâncias q são perigosas, especialmente para pessoas que não sabem lidar consigo mesmas. (e quem sabe?)

A mesma coisa em relação ao aborto. Por ter defendido os dois lados no debate, vejo apenas que ambos tem parte da razão e que, justamente por isso, a razão nessa discussão jamais será encontrada, já que esse é literalmente um tema de vida ou morte.

Mas de qualquer forma, os envolvidos nesses debates (e em tantos outros, só estou dando um exemplo) parecem mais preocupados em gritar palavras de ordem do q em fazer o que se faz em um debate, ou seja, debater... E o povão escolhe um lado como escolhe um time de futebol ou uma escola de samba. É a emoção determinando posições éticas e políticas que deveriam ser racionais antes de tudo. É a característica de um povo que elege seus governantes baseado no binômio esperança x medo.